23 de outubro de 2010

O OLHAR QUE VIU A BIENAL

Ontem, em uma reunião de trabalho, uma educadora falou sobre a importância de 'educar o olhar'. Gosto muito dessa expressão. Fiquei atento a como foi empregada. A educadora mostrava-se experiente em seu fazer e paixonada pelo que faz, tanto que fiquei tentado a perguntar-lhe como ela mantém a paixão 35 anos depois, mas o pudor me impediu de fazê-lo. Empregou a expressão com muita acuidade, como quem sabe que na palavra olhar cabe o conhecimento, a sensibilidade, a cultura, a compreensão de si mesmo, do outro e do estudo.
Falávamos do corredor da escola. Os alunos fazem trabalhos interessantes que depois vão ser 'expostos'. Essa exposição, muitas vezes, se reduz aos trabalhos serem colados nos corredores da escola, em áreas de passagem. Apenas para serem aos poucos (ou rapidamente!) destruídos por colegas negligentes.
Vivo em São Paulo, cidade da Bienal, do Museu da Língua Portuguesa, do MASP, da Pinacoteca... Mas, mesmo antes de aqui viver eu já tinha ido a exposições e a museus, claro.
O último grande evento de que participei foi a visita à Bienal de Artes. O meu olhar, inquieto, pensou nos trabalhos dos professores no corredor. Não que eu tenha visto, na Bienal, a perfeição em se expor a arte. Como outros, considerei-a um tanto confusa e fiquei, por momentos, desorientado. Além disso, não cheguei a ver os urubus e fiquei como outros comentando o espaço vazio. Mas, sem dúvidas, notava-se que havia ali uma preocupação em expor, em fazer com que o caminhar entre as obras fosse também, de algum modo, uma experiência cultural.
Esse é um (mais um...) desafio para o meu olhar de educador: como fazer com que o caminhar entre os trabalhos dos nossos alunos seja mais do que colar tais trabalhos no corredor na esperança de que sobrevivam mais do que período?

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