5 de outubro de 2011

O DISCURSO RELIGIOSO NAS AULAS DE LCT

O discurso religioso é, em um primeiro momento, aquele no qual, de algum modo, fala a voz de Deus. O discurso religioso pode ser considerado, dessa perspectiva, como um discurso de autoridade. Uma de suas características é a defesa da submissão do indivíduo a forças que lhe são superiores.

Como todo enunciado, o discurso religioso implica também uma situação de enunciação. Ele não se destina a não à mera contemplação, ele é uma enunciação dirigida ao co-enunciador a quem o enunciador quer levar à ação, a fim de que haja compromisso de fé aos possíveis sentidos depreendidos dele/nele. Na relação desse eu que enuncia com aquilo que diz, pode-se perceber a capacidade de expressar tanto da interioridade do enunciador como o envolvimento do co-enunciador no processo de adesão aos efeitos de sentido religioso. Neste sentido, ressalta-se que o enunciador não deve ser compreendido como um ser empírico, de carne e osso, dado ao olhar, que possa ter uma presença depreendida do imaginário do co-enunciador, mas como uma manifestação discursiva de uma voz que carrega um corpo investidos de valores compartilhados socialmente e entendidos por meio de arquétipos e estereótipos.

É perceptível, no discurso religioso, a existência de marcas definidoras das relações de força e de sentido que formam as concepções imaginárias do discurso e que se deixam mostrar ao passo que o enunciador se revela. Esse imaginário é caracterizado por mecanismos simbólicos que são retraduzidos para significar aquilo que, separado do real, constitui a resposta uma determinada visão de mundo evocada.Dessa forma, podemos considerar também como discurso religioso aquele que mergulha literariamente na temática religiosa, das mais variadas maneiras, como a reflexão presente sobre o diabo em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Orlandi (Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 1988) também defende que, a compreensão de um discurso exige estar atento às condições em que foi produzido e considerar a linguagem como “interação, vista esta na perspectiva em que se define a relação necessária entre o homem e realidade natural e social”. Em outras palavras, todo estudo de um texto, visual, verbal ou verbovisual, exige a compreensão do tempo e espaço em que foi produzido e em que o seu sentido será construído, refletindo, dessa relação, os valores de mundo e sociedade presentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário