13 de julho de 2012

O LUGAR CRISTÃO DO ESTUDO ESCOLAR DA LINGUAGEM


"Se o mal cresce ao lado do bem... o bem, todavia, cresce mais" (Jacques Maritain)

Frequentemente tenho me perguntado no que muda estudar língua portuguesa em uma escola católica ou estudar língua portuguesa em uma escola laica. Ou seja, no que respeita especificamente ao objeto de estudo, a linguagem.

Isso equivale a perguntar, em outras palavras, no que uma proposta de educação genuinamente cristã altera o estudo escolar da linguagem, ou ainda, como o estudo escolar da linguagem (nas suas diferentes manifestações escolares, Artes, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna e Língua Portuguesa) é efetivamente afetado por uma proposta de vivência cristã, tal como a que é proposta por uma escola confessional? O que me proponho é uma reflexão tímida sobre alguns dos princípios que alimentam o modo de pensar no filósofo cristão Jacques Maritain e, desse modo, começar um esboço de resposta.

O atual paradigma de estudos da linguagem, na escola, considera que o fim último do estudo da linguagem está sempre além da própria linguagem. Os Parâmetros Curriculares, de inspiração bakhtiniana, o situam na construção humana da ação e da identidade. A linguagem nos constitui como indivíduos, ao passo que agimos em sociedade.

Estudamos linguagem para sermos, mais plenamente, seres psicossociais, isso significa, manifestar mais plenamente as potencialidades da natureza humana. Assim, o estudo da linguagem se assume como um espaço em que participam também os estudos filosóficos e sociais assumindo a consciência da imensidade dessa tarefa que ultrapassa em muito os estreitos limites da transmissão de conhecimentos.

Desse modo, o estudo da linguagem, em uma instituição cristã, deve facilitar o desenvolvimento de uma atitude contemplativa diante da vida que se manifesta e concretiza na ação, permitindo uma constante renovação da espiritualidade em que participam a cultura e a práxis e investem na potencialidade do ser humano.

Ações e identidades construídas no processo de reflexão e uso da linguagem, em sala de aula, devem revelar o espírito e os princípios cristãos. Isso não por replicarem as regras da Igreja, numa atitude meramente catequética, mas pelas iniciativas e responsabilidades praticadas, de cunho humano e, ao mesmo tempo ou exatamente por isso, sagrado. Pensa-se assim, com Maritain, em um sagrado revelado no agir humano temporal, secular e profano.

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