6 de maio de 2009

SEXO NA ADOLESCÊNCIA: DESAFIO AOS EDUCADORES


O Sexo permeia todo o comportamento da sociedade atual. Isso deixa muitos educadores apreensivos sobre o seu papel na formação de crianças e adolescentes. Somem-se a isso as repercussões da virtualidade, em especial, da internet, em nosso cotidiano. Somos apresentados a tantas informações cotidianamente que não temos tempo de processar (ou digerir) grande parte delas. Assim, algumas considerações sobre o desenvolvimento cerebral e sexual do ser humano em relação com a nossa sociedade que valoriza a rapidez e a virtualidade podem ser de grande valia aos educadores.
Sabemos que o sexo o desenvolvimento sexual é parte integrante do desenvolvimento adolescente. Cientificamente, é comum se fazer uma distinção pertinente entre sexo, gênero e sexualidade. O gênero é uma construção social e histórica que não precede o sexo. A sexualidade expressa o sexo dentro do gênero. Consideramos gênero, as características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. Por sexo entendemos a dimensão biológica (macho / fêmea). Já a sexualidade refere-se à forma de expressão ou o conjunto de formas de comportamento do ser humano, vinculado aos processos somáticos (cerebrais), psicológicos e sociais do sexo.
O cérebro humano sofre transformações anatômicas e fisiológicas ao longo da vida. Algumas delas visam a prepará-lo para a reprodução. É na adolescência que ocorre o despertar do impulso sexual. Diferentes áreas cerebrais interagem solidariamente promovendo a atração entre os sexos. A adolescência é o momento em que o ser humano reconhece a sua sexualidade e passa a vivenciá-la, o que não significa, necessariamente, ter experiências sexuais, mas reconhecer-se como um indivíduo que, entre outras características, é um ser sexual.
Esse é um momento muito especial na formação humana. Como nos lembra a professora Guacira Louro: ““Definir alguém como homem ou mulher, como sujeito de gênero e de sexualidade significa, pois, necessariamente, nomeá-lo segundo as marcas distintivas de uma cultura – com todas as conseqüências que esse gesto acarreta: a atribuição de direitos ou deveres, privilégios ou desvantagens. Nomeados e classificados no interior de uma cultura, os corpos se fazem históricos e situados”.
Além disso, a diminuição da sensibilidade do sistema de recompensa conduz o adolescente a se arriscar mais. Em outras palavras, para atingir os resultados de bem-estar da infância, ele necessita agora de maior esforço e agitação. Essa inquietação pode ter resultados salutares, com o adolescente avançando no caminho de se tornar um adulto autônomo ou pode se tornar um momento de tortura para todos os que estão ao redor, com o adolescente expondo a si mesmo e a outros a riscos desnecessários.
Nem tudo está ao alcance dos pais e demais educadores, na verdade, esse talvez seja o maior desafio, pois no processo de conquista e compreensão de sua autonomia o jovem enfrenta um tédio maior e uma dominante vontade de enfrentamento ao poder parental. Paralelamente a isso, ocorre a valorização do grupo de amigos e a descoberta de novos interesses.
Acima de tudo é importante a coerência. Normas claras e que são coerentes com o perfil da família fazem toda a diferença. Essas normas devem orientar, inclusive, o uso da internet. Vale lembrar que mais de 40% dos adolescentes que usam computadores acessam pornografia. Mas, o fenômeno não é muito diferente quando se fala em adultos.

Muitos procuram esse mundo virtual como outro mundo, como possibilidade de construir alternativas que possibilitem suportar a realidade que têm dificuldade em enfrentar. Esse é um dos usos mais perigosos da internet porque aliena e conduz à sensação de fracasso consigo mesmo.
Os educadores podem, amorosamente, incentivar e promover atividades físicas, tais como esportes e passeios. Podem estimular o novo na vida do adolescente, abrindo ao constante diálogo. A palavra constrói caminhos próprios na relação entre os seres. Ela é fundamental, mas não cresce quando se sente escandalizada. Assim, o grande desafio é aprender a ouvir sem se escandalizar. A coerência também se constrói com o firme exemplo dos pais tanto na forma como tratam os jovens, como – e principalmente – no modo como tratam os outros no seu dia-a-dia. Em especial, o conceito do que é ser homem e mulher, independentemente da sexualidade descoberta.
Naturalmente, os educadores não podem tomar completamente as rédeas da vida dos jovens e, em algumas situações, pouco mais resta do que esperar para que a educação e exemplo fornecidos dêem seus frutos. Um desafio para todos nós que educamos.

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