A literatura
nos dá um bom exemplo de força de vontade e persistência. Trata-se de Robinson Crusoé. Você conhece a
história?
Robinson
Crusoé é a personagem principal do livro A Vida e as Estranhas Aventuras de
Robinson Crusoé (1719), romance do escritor inglês Daniel Defoe (1660-1731).
O escritor
baseou-se na história verídica de um marinheiro, Alexander Selkirk, abandonado,
a seu pedido (imagine só!), numa ilha deserta, onde viveu de 1704 a 1709. Essa
história fascinou a Defoe que, a partir daí, foi modificando o que conhecia do
relato para dar origem a Robinson Crusoé.
No livro, a
personagem vai parar numa ilha paradisíaca por conta de um naufrágio do qual é
o único sobrevivente. Nessa ilha, vive sozinho durante vinte e oito anos (muito
mais tempo que Alexander!), até finalmente encontrar-se com um indígena, que
Robinson chama de Sexta-Feira. São 28 anos nos quais Robinson luta contra a
fome, as interpéries e os perigos da natureza, as dificuldades cotidianas e,
principalmente, contra a solidão. Ao mesmo tempo procura não se esquecer de que
é um ser humano, trazendo consigo uma visão de mundo, uma formação cultural e uma relação com o Sagrado. Ele não é um mero
animal solitário buscando sobreviver.
Se a solidão
diminui quando ele se encontra com Sexta-Feira, aparecem, no entanto, novos
problemas. A convivência entre duas pessoas tão diferentes logo se traduz em
novas dificuldades. De construir a felicidade na solidão a construí-la na
relação difícil com um Outro completamente diferente de si mesmo, o leitor se
envolve facilmente com as aventuras deste náufrago. Ao final, Robinson é salvo
e o livro tem o final feliz que costumamos encontrar nas histórias de ficção.
Ser feliz,
contudo, não é chegar ao final da história contada num livro. Ser feliz é mais
parecido com a vida de Robinson na ilha: uma construção diária. E essa
construção exige que nos conheçamos a nós mesmos, seja quando estamos sozinhos
ou quando estamos juntos com os outros.
O crescente
conhecimento de nós mesmos e daquilo que nos singulariza como seres humanos
leva-nos a reconhecer, em nosso íntimo, uma base, um chão, no qual podemos,
erguer a nossa felicidade. Como se fosse uma casa que se constrói. Também esse
construir, como outros, pode ser aprendido...
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