29 de janeiro de 2013

PROFESSORES DA FELICIDADE


Muitos descobriram que mais importante do que acumular bens materiais é dar um sentido àquilo que se tem, reconhecendo o seu valor. Sim, é um pouco aquela máxima que diz “Não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho”.

Em outras palavras, é importante dar um sentido aos bens materiais e qualidades que já se têm. Ainda que pareçam pouco. Claro que podemos vir a ser mais e a acumular mais coisas, mas não é desse futuro incerto que deveria depender a nossa felicidade atual.

Há muito com o que já temos que podemos fazer. Para nós mesmos e para os outros. Ainda mais ao nos pensarmos como educadores. Que qualidades e conhecimentos fazem parte de quem sou? Basta uma pequena reflexão para encontrarmos algo de bom em nós mesmos. E esse algo já é a semente de um começo. Sou uma pessoa responsável? Calma? Preocupo-me com os outros? Sou uma pessoa justa? Emociono-me com o sofrimento dos outros? Etc. Depois é pensar: como aquilo de que dispomos, tempo, qualidades, conhecimentos etc. pode favorecer a aprendizagem do outro? O que desemos nós mesmos aprender de novo em nossa vida?

O lugar da felicidade é um lugar de equilíbrios: entre o passado, o presente e o futuro; entre o que fazemos e o porquê o fazemos; entre os nossos interesses e os dos outros. Nesse território amplo da felicidade é que poderemos construir a nossa morada. Ou seja, sermos felizes. 

Como educadores, temos diante de nós o privilégio e a responsabilidade de ensinar os outros a serem felizes. Mas, como se ensina a felicidade?

Sobretudo pelo exemplo. É que embora a felicidade seja algo que esteja sendo constantemente elaborado no nosso mais íntimo, ela transpira de nosso ser, em nossas ações, e chega ao outro. E motiva o outro. E o faz, a ele, também mais feliz. Por isso todos nós gostamos da companhia de pessoas felizes. Não estamos falando de pessoas eufóricas, daquelas que estão sempre falando ou rindo alto. Isso, em si mesmo, não é sinal de genuína felicidade. Falamos de pessoas que são morada de Deus, na construção da felicidade que habita o íntimo do seu ser.

Felicidade não é um conteúdo que se ensina em algumas aulas, com anotações no caderno e uma prova.

Felicidade é uma vivência diária.

E quem está na responsabilidade de nosso ensino olhará desconfiado para a nossa felicidade. É que as pessoas vivem muito mergulhadas na tristeza, então elas conhecem a alegria momentânea, mas têm dificuldades em lidar com o genuíno ser feliz.

Assim, não adianta uma receita de ‘fazer o outro feliz’. Temos a nossa própria construção pessoal da felicidade, não como algo eufórico e momentâneo, mas como um fazer constante e íntimo. E o desejo de que essa felicidade íntima transpareça aos que estão perto de nós. 


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