Muitos descobriram que mais importante do que
acumular bens materiais é dar um sentido
àquilo que se tem, reconhecendo o seu valor. Sim, é um pouco aquela máxima
que diz “Não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho”.
Em outras palavras, é importante dar um sentido aos
bens materiais e qualidades que já se têm. Ainda que pareçam pouco. Claro que
podemos vir a ser mais e a acumular mais coisas, mas não é desse futuro incerto
que deveria depender a nossa felicidade atual.
Há muito com o que já temos que podemos fazer. Para
nós mesmos e para os outros. Ainda mais ao nos pensarmos como educadores. Que
qualidades e conhecimentos fazem parte de quem sou? Basta uma pequena reflexão
para encontrarmos algo de bom em nós mesmos. E esse algo já é a semente de um
começo. Sou uma pessoa responsável? Calma? Preocupo-me com os outros? Sou uma
pessoa justa? Emociono-me com o sofrimento dos outros? Etc. Depois é pensar:
como aquilo de que dispomos, tempo, qualidades, conhecimentos etc. pode
favorecer a aprendizagem do outro? O que desemos nós mesmos aprender de novo em
nossa vida?
O lugar da felicidade é um lugar de equilíbrios:
entre o passado, o presente e o futuro; entre o que fazemos e o porquê o
fazemos; entre os nossos interesses e os dos outros. Nesse território amplo da
felicidade é que poderemos construir a nossa morada. Ou seja, sermos felizes.
Como educadores, temos diante de nós o privilégio e
a responsabilidade de ensinar os outros a serem felizes. Mas, como se ensina a
felicidade?
Sobretudo pelo exemplo. É que embora a felicidade
seja algo que esteja sendo constantemente elaborado no nosso mais íntimo, ela
transpira de nosso ser, em nossas ações, e chega ao outro. E motiva o outro. E
o faz, a ele, também mais feliz. Por isso todos nós gostamos da companhia de
pessoas felizes. Não estamos falando de pessoas eufóricas, daquelas que estão
sempre falando ou rindo alto. Isso, em si mesmo, não é sinal de genuína
felicidade. Falamos de pessoas que são morada de Deus, na construção da
felicidade que habita o íntimo do seu ser.
Felicidade não é um conteúdo que se ensina em
algumas aulas, com anotações no caderno e uma prova.
Felicidade é uma vivência diária.
E quem está na responsabilidade de nosso ensino
olhará desconfiado para a nossa felicidade. É que as pessoas vivem muito
mergulhadas na tristeza, então elas conhecem a alegria momentânea, mas têm
dificuldades em lidar com o genuíno ser feliz.
Assim, não adianta uma receita de ‘fazer o outro
feliz’. Temos a nossa própria construção pessoal da felicidade, não como algo
eufórico e momentâneo, mas como um fazer constante e íntimo. E o desejo de que
essa felicidade íntima transpareça aos que estão perto de nós.
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