6 de janeiro de 2013

PRECISAMOS DO OUTRO PARA SERMOS NÓS

 
Pelas nossas ações, construímos o lugar em que vivemos, transformando a casa no nosso lar, uma reunião em acolhida, uma aula em memória e aprendizagem. Em todas essas ações, a presença do Outro. Na interação com ele, construímos nossa caminhada e nossa identidade. Atitudes que procuram excluir o Outro, ignorá-lo ou obrigá-lo a ser quem nós desejamos que ele fosse terminam por se voltarem contra nós mesmos, pois dificultam a transformação dos espaços.
Algo para pensar: nossa identidade, ou seja, quem nós somos e quem nos tornamos, o lugar que ocupamos no mundo e que pela nossa caminhada transformamos, acontece na troca, na interação com o Outro. Em outras palavras? Não podemos ser sozinnhos, para sermos, particularmente, para sermos quem desejamos ser, precisamos do Outro, mesmo desse outro que talvez tanto nos irrite, que por vezes, sintamo-nos tentados a excluir ou a anular.
Por que precisamos do Outro para sermos nós mesmos?
As pessoas, de um modo geral, estão muito desacreditadas da política. Um dos principais motivos reside no fato de que identificam as incoerências entre os discursos produzidos pelos políticos e as suas ações. Mas essas incoerências não são exclusividades de um certo modo de fazer política. Apresentam-se também – ou, principalmente – no cotidiano, naquilo que podemos chamar as pequenas relações sociais e politicas do dia a dia.
Toca o telefone e eu peço para o meu filho atender e se for fulano, dizer que não estou. Pouco depois, explico-lhe que ele não deve mentir e que, nesta família, somos todos pessoas de bem. Ah, se o fulano não existisse eu não precisaria ter pedido para meu filho mentir...
O Outro revela quem nós somos. Revela, na prática, o nosso ser. Não basta dizer que somos pessoas do bem, que odiamos a mentira, que somos honestos etc. É no cotidiano, na convivência com o Outro, na prática, que essas palavras se tornarão ações. E as ações, por fim, gritarão aos quatro cantos a nossa identidade. São nossas ações que dizem quem somos, não as nossas palavras.
Podemos dizer algo, mas serão os gestos, as ações que, efetivamente, irão dar-nos a coerência, construir a nossa identidade, promover a caminhada. Caminhar não é dizer que se caminha, é agir.

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