10 de fevereiro de 2009

BEM-VINDOS ÀS AULAS, PROFESSORES NOTA ZERO!



A rede estadual de educação paulista utiliza o serviço de cem mil professores temporários. Em parte, para não arcar com o ônus extra que representa para o orçamento um professor efetivo. Não me parece uma desculpa muito nobre, mas criou uma possibilidade ímpar: a de avaliar esses temporários que, teoricamente, não têm estabilidade no emprego e, desse modo, selecionar, dentro dos 214 mil professores que se submeteram à prova da Secretaria Estadual da Educação, os melhores.

Os resultados dessa avaliação foram lastimáveis. Cerca de três mil tiraram zero, ou seja, não acertaram uma única questão das 25 sobre a matéria que lecionam. Em outras palavras, poderíamos dizer que nada sabem daquilo que se propõem a ensinar. Somente 111, lembremos: entre 214.000, tiraram dez.

O trágico é que os cerca de 1500 que se dizem professores e que tiraram nota zero poderão voltar às aulas, uma vez que o exame foi suspenso. Isso porque o sindicato dos professores (APEOSP) entrou com uma liminar alegando que esses que se dizem professores têm prestado serviço por anos e que por isso não devem ser descartados. Assim, embora identificados como péssimos funcionários e tirando o emprego de candidatos que tiveram resultados muito melhores, elas não são cortados do quadro de professores da rede por tempo de serviço.

Provas periódicas para os professores são uma realidade na maioria dos países que levam a educação a sério. O que se espera é que aqueles que têm maus resultados sejam afastados da sala de aula. Necessitam capacitar-se para a profissão que desejam. Que confiança teria você em um advogado que tirou "zero" no exame da OAB? E se ele tiver seu diploma validado com o argumento de que já advoga há muito tempo, mesmo sem conhecer as leis?

Ao invés do sindicato pensar na valorização do professor, optou, mais uma vez neste país, pelo 'cabide de emprego'. Pode até ser um professor nota zero, mas está tão acomodado no seu 'empreguinho' que nem vale a pena mexer nele. Esse é o sindicato que cuida de meus interesses! Enquanto isso, a população merece, pelo menos, que se disponibilize a lista dos resultados desses professores. Ao menos, para saber, já que pouco mais nos resta a fazer!

Mas, se a culpa fosse só dos professores ou do sindicato, isto seria um paraíso! O que poderíamos dizer do Poder Público que torna a minha profissão (Sim, eu sou professor!) algo risível com salários muito abaixo do que deve receber uma boa formação (ok, ok... uma formação já está bom, sem qualquer adjetivo!)? A resposta das Universidades não se fez demorar: uma formação abaixo do medíocre. E tão ruim é a formação da maioria dos futuros professores que, por vezes, como no caso desses 1500, chego a pensar que ganham muito mais do que deveriam!

Dia 16, alunos entrarão em sala de aula. Muitos deles contarão com os serviços de profissionais sérios e esforçados que, como eu, lutamos pela valorização salarial e moral de nossa profissão. Acho que nós merecemos ser bem recebidos em nossa volta às aulas. Mas também nossos alunos terão por ali muitos que se dizem professores e que pouco ou nada conhecem de sua profissão. E, todos nós, desejamos a esses que se dizem professores uma boa volta às aulas! Enquanto isso, a grande maioria dos talentos da educação brasileira estão longe, em outras profissões, esperando.... esperando...

2 comentários:

  1. Senhor,Landeira!
    Alegra-me o fato de poder constatar, através do que escreveu em seu blog, que você, enquanto pessoa que pensa e que faz educação, tem, antes de qualquer outra coisa, coragem para expor sua opinião a respeito de todo esse descaso. Na verdade, falta de respeito que o poder público (aos que estão envolvidos diretante no assunto) demonstrou ter, com a falta de atitude, no que diz respeito ao resultado banal a que se obteve com a aplicação das provas, para com os profissionais que se submeteram a todo esse processo. Aproveito o encejo para deixar, aqui registrado, que estou e estarei sempre de acordo com o procedimento da Secretaria da Educação no que diz respeito a aplicação de provas para os profissionais da Rede Pública de Ensino. Acredito que tal atitude, desde é claro, que seja encarada com a seriedade que se faz necessária, serve, antes de mais nada, para constatar quem de fato está apto a está em sala de aula. Isso, do ponto de vista de qualificação, capacitação. No entanto, considero falho, pelo fato de ser aplicado tal procedimento apenas aos OFAS, ou candidátos temporários.. Acredito que o mais acertado, seria estender tal procedimento, também, aos profissionais efetivo da rede. Pois tenho plena certeza, de que, mediante ao exposto, a efetivação, não é sinônimo de capacitação. E isso, sabemos nós, contribui para mau desempenho do ensino. Claro que isso não se estende a todos, pois diga-se, é verdade, há na rede pública de ensino, profissionais muito bem qualificados e extremamente comprometidos com o que fazem, mas infelizmente, também há, e em grande parte, aqueles profissionais que não passam de uns acomodados. Que estão lá, apenas para defender o seu salário no final do mês e garantir um emprego até o momento propício para uma aposentadoria. E isso chega a ser constrangedor, sobretudo, para os que lá estão tentando fazer a coisa com o máximo de seriedade possível. Lamentável!!!!

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