(1) dificuldade para reconhecer com rapidez e precisão as palavras escritas, seja por que ela não faz parte do vocabulário do leitor, seja porque não dispõe das habilidades necessárias para converter os grafemas em fonemas e, desse modo, ‘ouvir’ a palavra.
(2) dificuldade para parafrasear adequadamente o que se leu, estabelecendo relações temáticas entre os significados dos vocábulos. Essas unidades mais complexas de significado construídas pelas palavras (devidamente compreendidas) de um texto são denominadas proposições.
O estudioso (id. p. 28) nos chama a atenção ao fato que, todo ato de leitura, nos coloca diante de dois movimentos diferentes:
(a) estabelecer relações (agente, objeto, ação) entre os significados permitindo-nos construir uma unidade de sentido mais ampla (ideia ou proposição) e a que se pode atribuir o valor de ‘verdadeiro’ ou ‘falso’. Essas relações são sempre estabelecidas a partir daquilo que conhecemos, que nos é ‘dado’ para aquilo que desconhecíamos, que nos é ‘novo’ (Id. p. 35).
(b) Reter na nossa mente as relações entre os significados das palavras estabelecidas em proposições.0 (e não as palavras em si). Somente desta perspectiva é que a paráfrase se torna um importante processo de leitura.
O seguinte exemplo, embasado nas idéias de SÁNCHEZ MIGUEL (Id. p. 27), poderá servir de ajuda:
- Os vacuns arrastavam a carga de mabolo pela penedia
A escolha de palavras pouco comuns, tais como ‘vacuns’, ‘mabolo’ e ‘penedia’ obriga-nos a adotar estratégias para nos aproximarmos do significado do que lemos. Como vimos, o ponto de partida é sempre o dado, aquilo que o leitor já conhece. Neste caso, o leitor poder-se-ia apoiar no significado de ‘arrastar’ para chegar a outros significados complementares:
- um agente (sujeito) que faz a ação de arrastar: os vacuns;
- um objeto sobre o qual se exerce a ação: a carga de mabolo;
- um lugar (complemento – onde) ou meio: pela penedia.
Do que se viu até aqui, um problema de leitura está relacionado à dificuldade que o leitor tem de ter “acesso ao significado de certas palavras e, como conseqüência, não [poder] construir proposições” (id. p. 30). O desenvolvimento dessa dificuldade de leitura exige que se estabeleçam estratégias que permitam, portanto, desenvolver duas habilidades essenciais:
(1) Identificar as palavras de um texto e o seu significado.
(2) Elaborar (ou construir) proposições.
BIBLIOGRAFIA
SÁNCHEZ MIGUEL, Emilio. Compreensão e redação de textos: dificuldades e ajudas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Muito bom. Posso, com esse comentário, trabalhar com os professores de modo a deixá-los mais esclarecidos sobre o que seja a dificuldade de compreensão de leitura de textos.
ResponderExcluirMaria Eneuma Gomes de Freitas (pedagoga)