3 de maio de 2013

BULLYING - ALGUMAS PERGUNTAS PERTINENTES


O QUE É O BULLYING?

O termo 'bullying' traduz uma reflexão nova sobre um problema antigo: o da violência escolar entre os alunos. O termo inglês bully ou seja valentão é a raiz do termo bullying, que se caracteríza por agressões intencionais, psicológicas ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Inclui também a exclusão social e o ciberbullying. Não podemos ir de uma ponta à outra e considerar brigas ocasionais como bullying, nem toda agressão é bullying, mas todo bullying é uma agressão, uma das principais causas de suicídio entre jovens.
O bullying não tem idade, propriamente.

A partir dos 3 anos, as crianças já podem ser agressivas com seus pares, provocando bullying, ou seja, uma ou mais crianças podem ser agressivas constantemente contra um colega, ofendendo-o ou excluindo-o. É um fenômeno que ocorre entre meninos e meninas, mas com algumas diferenças. Entre os meninos costuma ser mais frontal, com uma agressividade mais visível. As meninas costumam ser mais veladas, com o uso de fofocas, olhares e principalmente, exclusão social. Elas agem de acordo com a expectativa social que considera as meninas mais docéis que os meninos, mais 'quietinhas'. Mas as formas veladas de bullying podem ser tão ou mais crueis do que as formas visíveis.

 POR QUE OCORRE O BULLYING?

Usualmente, o bullying revela um desequilíbrio psíquico do agressor. Ele se sente menos, de algum modo, e deseja compensar isso sentindo-se mais popular, mais poderoso e mais querido. Na base da violência costuma estar a sua própria insegurança e uma visão distorcida da autoimagem. Discute-se muito o papel da influência nesse processo, mas é sabido que aprendemos - coisas boas e más - por meio de modelos. Assim, modelos de violência em casa costuma replicar-se em outras situações. A violência gera violência e, em alguns casos, crianças que sofreram bullying podem ser causadoras do bullying em outras.

Importante destacar o papel de coautoria dos que assistem e incentivam, nem que seja apenas com a sua presença, o bullying sendo praticado. Usualmente não se considera essa figura na importância que ela tem, de coautoria, participando no processo de fornecer lenha à fogueira de violência acesa pelo agressor.O bullying não pode ser visto como um circo ou espetáculo. Muitas vezes o bullying é incentivado como forma de ‘diminuir’ o tédio entre os adolescentes. E a presença da assistência encoraja essa atitude.

 E QUANDO SE É VÍTIMA DE BULLYING?

Não reagir no nível do agressor. Ou seja, o agressor é como um assaltante de sua integridade e, via regra, sabe que pode tirar partido dessa condição aparentemente superior. Evitar situações de confronto e perigo e, sobretudo, procurar ajuda. Ao procurar ajuda, a tendência é que a provocação cesse.
Procure ajuda e se essa ajuda não se mostrar a altura da gravidade do problema, recorra a outras instâncias. A figura do psicopedagogo está entrando na escola com cada vez maior força e esse profissional, quando devidamente preparado, pode trazer benefícios. Vale a pena também procurar os pais e, até, a direção da escola. O importante é não calar, mas contar para pessoas de confiança.
A par disso, investir no desenvolvimento da autoconfiança. Você não é a imagem que o agressor está divulgando de você, mas a dor pode ser tanta que pode confundir a pessoa, ainda mais no período de descoberta e reconstrução que é a adolescência. A experiência do bullying é tenebrosa, mas, até lamentavelmente, não é um caso isolado, portanto, não há porque se sentir, efetivamente, excluído. É importante ter claro que os errados são os agressores, não as vítimas. Praticar um esporte ou inscrever-se em um curso ou investir em quaisquer talentos pode ser um modo de cultivar a autoconfiança que as práticas de bullying podem minar.

 E QUANDO A VIOLÊNCIA É CONTRA OS PROFESSORES?

Não se trata de bullying, mas é igualmente comum na escola atual e exige a reflexão sobre o convívio entre os membros da comunidade escolar. Quando as agressões ocorrem, o problema é de toda a escola. Importante priorizar essa violência no ambiente escolar, não escondê-la ou diminuir a sua gravidade. Em uma reunião com todos os educadores, pode-se descobrir se está acontecendo com outras pessoas da equipe para intervir e restabelecer o respeito.
O ponto central é investir no desenvolvimento do RESPEITO no ambiente escolar, começando pelo respeito dos professores (e outros educadores) para com os alunos.
A questão a responder é se o problema é com um professor só ou com a escola como um todo. Se é apenas de um aluno para com os professores ou de todos os alunos.
Se é com um professor só, isso não significa que a ‘culpa’ seja do professor. Ele é vítima da violência, mas deve-se entender o processo, pois pode ser que o estudante esteja tendo problemas em legitimar a autoridade docente. O professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa autoridade só é legitimada com o reconhecimento dos alunos em uma relação de respeito mútua.
Em questão de respeito, não basta dizer: "Olha, você me respeite!". O respeito se conquista e se constrói.
Importante investir na construção do respeito no espaço escolar. O que nunca pode ocorrer é o professor revidar no mesmo nível ou demonstrar, de qualquer modo, violência, falta de controle ou ser modelo de desrespeito. Os papeis sociais são bem diferentes: o educando está em processo de formação e o educador é o adulto do conflito e precisa preservar a sua dignidade, não ganhar a briga.

 COMO EDUCADORES, QUAL DEVE SER A NOSSA REAÇÃO?

Importante nunca subestimar a situação. A violência escolar não é normal. Não se consola a vítima dizendo que o acontecido 'não é nada', que 'está tudo bem' etc.
É fundamental ouvir a vítima com atenção e respeito. Como quem deseja ajudar, mas permitindo que a pessoa se expresse sem ser cortada ou como quem tem pressa em que se acabe o assunto.
O respeito é um dos principais saberes que devem ser desenvolvidos em sala de aula. Dar um tratamento prioritário ao desenvolvimento do respeito, não imaginar que o aluno já sabe respeitar, é algo que deve ocupar o currículo e o imaginário da escola.
O educador deve deixar claro que não tolera a violência ou o desrespeito. E isso deve ser demonstrado no cotidiano, pela prática. Há um perigo muito grande nas ‘risadinhas’ ou em atitudes que replicam desrespeito aos alunos. O educador deve ser exemplo em respeitar o estudante. O educador (pai, professor, diretor etc) deve mostrar-se exemplo de moral e de princípios.
A solidariedade, a generosidade, a convivência devem ser procedimentos desenvolvidos conscientemente na prática educativa escolar e familiar.
Quando se sabe de um problema é importante aproximar-se do aluno que ameaça os colegas, sem expor ou diminuir as vítimas. É comum que tal aproximação ajude a mudar a atitude. Muitas vezes, o agressor também é, de algum modo, vítima de abuso verbal ou físico em casa. Ou de uma educação sem valores.
É, portanto, muito importante que a escola se aproxime também do agressor. Ouvindo-o.
Sozinha, a escola não consegue uma solução. O caminho envolve diferentes forças trabalhando solidariamente: escola, estado, pais, mídias etc. Normalmente é no ambiente escolar que se demonstram os primeiros sinais de um praticante de bullying e que mais tarde poderá se tornar um adulto violento com dificuldades de lidar com os outros e consigo mesmo.
Os pais devem se mostrar próximos da escola, tanto quando o fílho é vítima como quando é agressor. Por vezes, o filho agressor também é vítima de uma situação específica que requer atenção, sem deixar de lado os limites. Então, escândalos ou demonstrações de poder na frente dos outros não resolvem nada. 
No dia a dia, é importante ensinar o valor dos limites. A falta de limites é um dos problemas mais sérios no desenvolvimento de uma mentalidade das crianças e jovens. Cria-se a fantasia de que 'posso fazer qualquer coisa que, no final, me saio bem'. Desse modo, resulta uma mentalidade igualmente fantasiosa de 'posso agredir quem quer que seja, pois sou melhor do que o outro". Daí para problemas piores, é um pulo.
O respeito à alteridade é uma aprendizagem escolar e familiar fundamental para criarmos uma verdadeir cultura antibullying.



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