O amor exercita a doação, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.
O
amor pressupõe uma orientação produtiva que supera a dependência, a
onipotência, o narcisismo, o desejo de usar os outros. O amor é para aqueles
que adquiriram a fé em suas próprias capacidades humanas e nas do outro, bem
como as forças para atingir seus objetivos, sem
desanimar, sem perder a esperança. Isso tudo porque amar é o
exercício da doação e dar-se é uma atividade exigente.
O amor é a preocupação ativa pela
vida e crescimento daquilo e daqueles que amamos. Onde falta essa preocupação
ativa, falta o amor. E, muitas vezes, sobram palavras.
A responsabilidade é, antes
de tudo, um ato inteiramente livre e voluntário. É a resposta que damos às
necessidades do Outro. Ser responsável é responder ao que o outro nos diz,
mesmo sem palavras.
“Sou, por acaso, o guarda de meu irmão?”.
A resposta da responsabilidade originada pelo amor é “Sim, a vida do seu irmão
não interessa apenas a ele, mas também a você!”.
O amor conduz-nos a sentirmo-nos
responsáveis pelos nossos semelhantes assim como nos sentimos responsáveis por
nós mesmos.
Respeitar alguém é preocupar-se com o crescimento pessoal dessa pessoa, desenvolvendo-se plenamente como ela é. Por isso, o respeito surge como árvore forte no terreno do amor e, ao mesmo tempo, sem respeito, o terreno do amor se endurece e transforma em outra coisa. O respeito baseado no amor visa ao bem do outro, do seu crescimento individual para a sua própria felicidade e não para que essa pessoa venha a servir-me.
Ao amar alguém, sinto-me um com essa pessoa, mas com essa pessoa tal como ela é e não como eu necessito que ela seja para meu bem-estar pessoal. Por isso, o respeitar o outro exige que eu seja autônomo, que eu consiga andar sem muletas, sem ter de dominar ou explorar os outros.
Doação, cuidado, responsabilidade e respeito definem o amor. Por isso, amar exige que conheçamos o outro. Quaisquer outras características seriam cegas e mecânicas se não fossem guiadas pelo conhecimento.
O conhecimento sobre o qual o amor se edifica não fica na periferia, mas adentra nas profundezas do outro, não guiado por interesses mesquinhos de fofoca, mas movido pelo desejo de fazer o bem, de partilhar. Isso só é possível quando estamos dispostos a conhecer o outro não movidos pela preocupação de nós mesmos, mas para ver melhor a essa pessoa em seus próprios termos.
Posso saber que uma pessoa está com
raiva, ainda que ela não o demonstre. Mas, porque a conheço, sei que ela não
está bem. Mas posso conhecê-la ainda melhor e então compreendo que essa raiva é
fruto de outra preocupação, de uma ansiedade causadas por uma sensação de culpa
ou de solidão. Sei então que a sua raiva é apenas a manifestação de algo mais
profundo, de uma ansiedade e preocupação, as quais, por sua vez, tem raízes em
sentimentos ainda mais complexos, como sentir-se só ou culpado. Então,
focamo-nos não na raiva dessa pessoa, que até nos irrita, mas, porque a
conhecemos, vemos a sua ansiedade, a sua preocupação, a sua tristeza. E a
amamos mais ainda.
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