20 de maio de 2013

DO PENSAMENTO À AÇÃO: APRENDENDO COM AS BORBOLETAS...



Todo pensamento vale sua existência pelo simples exercício de pensar. Pensar é um luxo nos dias atuais em que há tantas maquinações para pensarem por nós. Apresentam-nos, calmamente e com a maior desfaçatez, o que e como devemos pensar. 

Nada mais temos a fazer do que reproduzir. E a maior ilusão que nos impingem sequer é essa, mas fazem-nos crer que os pensamentos dos outros que pensamos, como quem se alimenta de comida regurgitada são, na verdade, pensamentos nossos, que estamos sendo originais. Acreditamos, sinceramente, que pensamos o que outros pensaram por nós.

De fato, todo pensamento, genuinamente nosso, vale a sua existência pelo simples exercício de pensar. Mas isso não o legitima.

O exercício de pensar não termina em dar à luz o pensamento. Como parte desse exercício há o pedido urgente para visitar esse pensamento em botão pelo bom senso, pela justiça, pela ternura e pela caridade antes de que ele se torne palavras e ação.

Isso porque as palavras e as ações repercutem nas outras pessoas, mesmo que esse outro sejamos nós mesmos. Então as palavras e ações, enquanto são ainda pensamentos, precisam aprender a lição das borboletas.

No campo e nas matas vemos as borboletas cheias de cor e vida, mas sabemos que antes elas foram crisálidas abrigando uma lagarta. A lagarta é o nosso pensamento. Ele deve estar prenhe de virar crisálida, ser pensado como pensamento, ser visitado pela ternura, para não promover a agressividade e a dor, pela justiça, para não falhar com ninguém, pelo bom senso, para não cairmos no ridículo e pela caridade que é expressão do amor e, afinal, o amor é o que, de fato, fica. O amor nunca acaba.

Como nos fala a canção mínima, de Cecília Meireles:

Canção Mínima

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.


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